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há somente um enfeite nos olhos...o olhar

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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

louça antiga ou amor em tempo de louça suja

SUFICIENTIZE-SE
SUFICIENTIZE-SE (era essa a voz)

É na louça suja que se mede o tamanho do limbo.É a sola gasta que entrega a semeadura.
Do sapato, a sola, da estória restos do caminho.
A estória te assola porque andaste em cima dela
A louça te mostra o limbo porque você espera.

Suficientize-se
Lave a louça, os olhos....
Por que será que te incomoda o cotucar de esmolas.Toda hora!
Esperneiam eles.... há um passo nos seus, dos seus, das tuas solas!
Deve ser algum desvio a esmola garoar o tempo todo, e o tempo tido nela a tal louça me lembrar.
Desvio das esmolas,desisto dos fiapos no canto da pia.
Na teia firme que se forma no oco do ralo, cheio de baba, desfio minhas cutículas ( só em lembrar).
Desdenho a pia e os pés dos mendigos!
Tenho nojo de louça jazida, de garfos azedos.....
Tenho medo que dos dentes vazem palavras gastonas, atrevidas e tenho medo que me peçam esmola.

Uma implicância derivada da louça começou a fazer rotina em mim, era como se tudo, ao invés de distrair-me da louça, apropriadamente resultasse na mesma sensação.
Antes mesmo de se parecer com a louça, as cenas realçavam de inicial observação, um abandono discreto...
Discreto sim!!!!!!

O florista todo dia tirava as flores do carro e as deixava no chão antes de montar a banqueta de sustentação...
FLORES NO CHÃO?
LOUÇA !!!!!!!!!!!!!
Aí num escapulir, nem quis ver .................mas vi a roupagem seguinte do homem, vestido para concretagem morde atenciosamente um "risólis" (praticamente uma bolsa térmica de óleo) ,às seis e meia da manhã!!!
O FÍGADO DELE?
LOUÇA !!!!!!!!!
Me pego sendo exagerada na implicância.Volto subo e lavo os olhos.
Desço novamente, sem blusa de manga agora,
MINHA TOSSE MAL -CURADA?!
LOUÇA!
Ignoro, sigo em frente com os braços arrepiados e olhos mais gentis.
Tem dia que amanhece antes da hora.....eu fico atrasada quando isso acontece
Esqueço o endereço que ia, esqueço de ariar o alumínio de dentro da pia.
Nas noites longas de riso meu esmalte disforme é novidade pra mim, nos dias feriados é como se minhas mãos não passassem de louça.
Faz sentido agora, não é implicância....mãos pequenas, desejos escapando das mãos....Construções desfeitas, abandonadas feito panelas engorduradas atravessam adiante.Ignoro.

Lembro da eternidade de certos encontros, mesmo os desmarcados
Da eternidade das impressões de amor.....não saem mais, não saem do lugar sentido.
Antes suspiro de surpresa, espera crua por motivos.Agora, ainda suspiro, igual ,e espera nua por mais suspiros.Só o que muda é a incontinência dos suspiros.....AAAAHhhhh..........eles escapam até da louça.
Passado vinte e cinco, trinta minutos ,volto a olhar as louças da rua, o homem-varredor, varre um monte e nunca passa pelo cantinho do limbo, só varre o que varreria mesmo.
Me irrita tanto quanto uma enxurrada de água limpa, é horrível ver tudo com olhos restantes, não serve em nada.
Meus olhos restam.....
Hoje amanheceu muito mais cedo que esperava e meu mundo pareceu apertado aos olhos.
Perdi uma unha, quis perder os olhos para o mundo.....Mas ainda são meus.

Beatriz Rodder

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