quem estou?

Minha foto
sobre os delírios me deito.....a cama desalinhada me enruga... acordo em seguida.... num pulo percebo que delirar é estar sóbria e ser sóbria é estar atenta aos canais pro delirio do amor que tem no mundo

Visitas ao atalho

click tracking

não há nada de errado com o verão, só o outono que parece apressado

há somente um enfeite nos olhos...o olhar

há somente um enfeite nos olhos...o olhar

domingo, 11 de dezembro de 2011

Justo no coração dos poetas portas fechadas?
Logo nos corações de poeta sem freios
curvas perigosas?
Sempre no destino do poeta um coração sem nome
Pro poeta um destino sem culpa

Bem no coração do poeta um ideal
acaso.

domingo, 14 de agosto de 2011

A sua poética tem...

A sua poética tem me posto mole...
Tenho acordado dentro dos sonhos
tenho brincado de ser séria
ando tendo sonhos e tenho sido séria
Hoje não tenho medo
mas confesso
você tem me posto mole
Daqui
um sol me esquenta as costas
Daí
você me causa amor
E as coisas todas febris se acalmam
num enlace lento e sóbrio
de acordes acordos acordares
Os calores que doíam
arrefeceram-se
As palavras apressadas
se sentaram
os sentidos se olharam
e amanhãs nasceram
E agora
mesmo amanhecida de ontens
Acordo tarde,
reconheço sem sonhar o que tenho tido
e confesso
a tua poética tem me posto mole

domingo, 29 de maio de 2011

a alma e o desejo



Os desejos são coceiras
não perniciosas
NO INÍCIO

É só coçar que alivia
mas no fundo depende
DO TAMANHO


As vezes dá vontade de esfolar a derme que pinica
dá vontade de abrir o meio da coceira e coçar
é uma vontade de esquartejar o desejo
e vê-lo verter o que contém

O desejo é doce e engorda a alma

o desejo é mandão
quer tudo ao seu modo
no tempo/agora dele

Se a gente cede uma vez
a alma inflama e adeus silêncio

Tudo vira voz grito e querer
Tudo no tempo do agora

A gente muda quando cede
a alma esquenta
não há prece que a acalente
então TUDO é veloz voraz calor

E o que sobra da alma
senão a servilidade frágil que o desejo dispõe?

O desejo é mandão
tem pressa
passos precisos
é lépido

Se torna pernóstico com muita rapidez

engolindo os nossos silêncios
confundindo os novelos delicados
que são as escolhas
há tanto tempo alçadas

A alma é uma ILUSTRE criança
diante da experiência que o desejo tem

Um olhar
um não-olhar
um dizer
um partir
um voltar
um simples ir
um temer

Tudo isso inflama

demora

a astúcia do desejo é INSISTENTE

e demora

o majestoso desejo não contemporiza
aplica todos os caprichos ao seu modo
sem modos sem medos
só quereres
pressas
agoras

A prece do desejo é o querer
a religião do desejo é TER.

domingo, 22 de maio de 2011

olhos de quem

Nos olhos do forte
o fraco é só o desvio da sorte.

Num corpo em descanso são
não serve em nada o externo
pode ser só sono a morte!

Talvez o cansaço
seja o motivo
da morte certeira

Morrer não serve entender,
de toda sorte viva
há sorte de sobra
e não há certeza alguma

Nos olhos da sorte
o azar
é um possível transtorno de rotas
é como errar
olhando um mapa feito por alguém
que num cisco
se esqueceu de anunciar
o fim
da linha
da sorte
da vida!

domingo, 8 de maio de 2011

Basta acordar

Acordou
reparei teus olhos ágeis lembrando ontem
de bruços num cantinho do olho te vi
toda pequena e sem nada

A metade da minha boca encostada
no lençol noturno negro
e a varanda acordada
já listrada inteira
dum sol branco há muito

O cheiro da sua boca é novo
nem sabe quantos beijos vai ter

Mas basta um café
pra perceber o afeto dos beijos
que acordaram felizes
com os beijos que dormiram

Metade da minha boca encostada na xícara
e a varanda já entardecendo
enquanto a outra metade da minha boca
tentada a contar
que já gosta de você

O cheiro da sua alma é agradável
e ainda nem sabe quantos afagos sinceros vai ter

Mas basta um tempo pra começar a ver
que eu serei sempre hoje
e hoje escolhi você

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Clarissa e os riscos de mudar

-Alô Rodrigo, Clarissa!
-Oi,tudo bem?
-Tudo, é... que eu liguei pra saber...Será que tem como a sessão ser amanhã ao invés de segunda-feira?
-Acho que sim, mas teria que ser cedo, você pode as nove?
-Fechado, posso sim. Ah...posso te emprestar um livro?
-Claro querida!


Clarissa não costumava oscilar emocionalmente, ela era minha paciente havia seis meses e ainda não tinha manifestado nenhuma saliência ou depressão comportamental.


O meu terapeuta é interessante, parece específico o tipo de atração que ele incita, uma coisa meio confortável, se aproxima a um edredon de plush, um ursinho fofinho...a primeira impressão, é claro.
As mulheres devem achar o máximo a idéia de casar com ele.


Tenho andado meio com preguiça dos caras, eles me olham em todos os lugares, eu sou bem resolvida, não preciso deles, mas gosto que eles me olhem, eles percebem isso, eles se jogam...e não tem me agradado muito isso deles se jogarem.
Eu sempre tive um gosto estranho, o Rodrigo disse logo na segunda sessão que eu gostava de ser mais bonita que o homem, e que isso era normal entre as mulheres bonitas, papo de homem, desculpa Rodrigo, discordo.


Um dia desses eu tava passeando com a cachorra e na mesma calçada vi uma garota escolhendo frutas (ameixas na verdade), na vendinha de frutas da rua, olhei pras ameixas que ela já tinha escolhido e pra as que eu escolheria, prefiro as mais maduras... na verdade prefiro pêssego.
Ela olhou pra mim, olhou pra cachorra, eu senti o cheiro do perfume dela, ela percebeu que eu respirei o cheiro. Não sei o que meu deu, olhei pra trás de novo, fiquei curiosa pra saber se ela tava me olhando...não estava, eu é que estava, ela não me viu olhar.


- Oi Rodrigo, bom dia!
-Olá, que cara boa Clarissa, ta bem humorada?
-Eu quase sempre tô né? Esse é o livro que eu falei.
-Huum veja só, o "Com meus olhos de cão", poxa eu já li esse livro, mas é bacana você querer que eu leia, você gostou?
-É diferente né?
-É boa essa linguagem dela!
-Então, eu vim aqui porque eu quero te contar uma coisa atípica que aconteceu essa semana e saber o que você acha.
-Quer me contar ou quer se ouvir em voz alta?
-Como é me ouvir em voz alta?
-É falar ué!


-Um pouco confuso o assunto, é que eu não tô, na verdade eu não sou tão equilibrada quanto pareço, fico anestesiada as vezes, eu não sinto certas coisas direito.
Tive uma experiência gay Rodrigo...Entrei numas com uma garota que gostei, acho que gostei mais do jeito que começou a atração. O sexo mesmo, a coisa toda, não foi tão incrível assim, sabé? Eu achei legal, nem é tão diferente assim o mecanismo, mas não sei, ficou meio estranho o depois.
Fui fria com a garota no dia seguinte, acho que ela ficou magoada comigo, eu não quis ser fria, mas eu lido assim quando as coisas ficam intensas pro outro, tenho percebido que a intensidade me desagrada, e me incomodou perceber o envolvimento dela.
-É por isso que que você tá agitada e mais cedo aqui?
-É, eu to louca né, ficar com mulher agora? nada a ver comigo né Rodrigo?
-Não Clarissa, acho bem normal pra ser honesto, você é uma mulher, é normal provar outros prazeres... você quis né?! Ela é interessante?
-Ela sim é agitada, falante, intelectualmente efusiva, me irritou um pouco, acho que quis ficar justamente com ela porque achei bonita, feminina,acessível, me deixou a vontade, mas não sei, não é que eu esteja numa fase mulher, não é isso... foi alguma coisa nela que me despertou esse desejo, mas acho que não gostei muito do romantismo feminino, meio grudento!
-E você disse isso pra ela ou vocês foram emocionais demais e comunicaram pouco as intenções... e por isso não entraram na mesma frequência?
-Sei lá, eu não quis comunicar nada, só quis experimentar. Já ela, fala umas coisas que eu não entendo direito, muito sonhadora acho, lida com a realidade com um olhar muito molhado, tem olhos bonitos, ela é linda!
-Ela gostou de você?
-Ela gostou mais de mim do que eu dela, acho!
-Ela gosta de mulheres?
-Gosta! Bom, Rodrigo, eu quero saber se tem alguma coisa errada comigo em não gostar da aproximação imediata!
-Tem um jeito de ser aí né Clarissa, vocês falaram sobre aproximação?
-Ela é invasiva, e eu com as minhas manias...tudo tem uma ordem, eu me senti meio atravessada.
-Bom, não tem muito a ver com você então essa garota.
-Eu não gosto de garotas, gostei dela, e já não gosto mais pra tanto.
-Você tá se sentindo angustiada?
-To querendo que ela entenda que eu não quero mais, sem se chatear comigo!
-Então fala isso pra ela!
E o resto das coisas da sua vida, fala pra mim do trabalho, da família, quer mudar de assunto?
-É, só queria contar pra você porque eu fiquei confusa em falar pra outras pessoas






-Alô, oi Clarissa, é a Giulia! Tudo bem? Você já jantou?
-Eu jantei na minha vó...Tudo bem? Você quer buscar seu livro né?
-Quero! Eu falei ou fiz alguma coisa desagradável Clarissa?
-Não, eu achei legal ontem, mesmo, mas tudo muito intenso, preciso processar com calma.
-Ah, entendi, eu também achei legal, mas fiquei um pouco sem entender...você me disse que queria passar uns dias comigo e na primeira noite que a gente dorme juntas você repele nosso encontro, é estranho não?! Poderíamos não ter dormidos juntas!
-Giulia, eu to respeitando os meu limites, nesse momento eu não posso dar mais que isso!
-Eu não quero mais Clarissa!




Eu é que não queria mais, ainda bem que ela disse isso, pelo menos agora eu não vou ter uma pessoa solicitando minha atenção o tempo todo sem ter nada comigo, puta garota chata!
Esqueci de contar pro Rodrigo que eu não gostei muito de acordar com ela.
Mas a Giulia, ela é do bem, eu só não estou em condições de receber, porque receber é doar, to farta disso, acabei de sair duma estória forte e isso de não me apaixonar, já aprendi ha tempos...
Cansei, ja matei a minha curiosidade, chega, vou voltar pro meu silêncio estável, os seres apaixonados são demorados nas suas falas... e justo comigo, eu disfarço bem, mas na real eu acho um saco a paixão no outro.
Ela me disse que eu tenho um rosto angelical com uma personalidade calculista, vou contar isso pro Rodrigo na próxima sessão!


-Alô...Mari, você pode vir aqui em casa agora? To tendo uma crise emocional!
(Mariana, boa amiga, vizinha, sabia tudo, sempre ia quando era solicitada)


-Que merda Giulia, por que você tem que se enfiar nesses emaranhados de mulher curiosa?
-Curiosa Mariana? Ela não é só uma mulher curiosa, ela é calma, ela tem um sorrisinho fresco, ela é um tesão! E outra, eu também fiquei curiosa, até aí não vejo problema em ser uma mulher curiosa
-Ótimo, e que tal abafar a curiosidade, agora que vocês já se viram algumas vezes?
-Eu sei Mari, mas ta doendo isso de começar tão naturalmente e ter que ter um fim assim tão pontudo, quase como minhas tentativas heterossexuais, os homens são assim... quando não querem mais, não conseguem elaborar e ficam dizendo essas coisas esquisitas. Eu queria que ela dissesse "- Vamos ser amigas agora"!
-Ah queria... claro que não queria Giulia, você tá babando na nega, por isso mesmo que tá na hora de recolher os brinquedos e voltar pra casa. Tem que encarar assim, foi ótimo, você amou o flerte, se ela gostou não sabemos, mas ok... brincou de "lesbian barbie" e tchau! Hora de voltar pra casa e marcar manicure, arrumar as gavetas, ouvir aquele disco que você sempre ouve quando toma um fora...é assim, não vai ser agora que as coisas vão parecer maiores do que são, não é?
-Eu sei, o "Minha voz, minha vida" da Gal, né amiga?!
-Vem cá bebezinha, dá um abraço, você sabe que a gente anda o tempo inteiro desviando dos buracos, mas as vezes a gente torce o pé num deles, é só colocar um gelinho no tornozelo que alivia...não fique tão melancólica.
-Mas Mari, se eu ainda tivesse naquela fase de ficar com todo mundo que eu achasse interessante, mas não, eu não ando interessada em ter sexo casual com as pessoas, eu não ando querendo nada com ninguém, por que caiu do lustre? qual lustre que eu passei embaixo?
-Você adora vai...
-Eu tava na minha, focada em outras coisas, daí me aparece uma mulher com cara de sereia, toda deliciosa e diz que me viu escolhendo ameixas, descreve o cheiro do meu perfume...porra Mari, eu não sou de ferro, claro que eu fiquei afim dela, e outra, foi tudo tão gostoso, descomplicado, pra no meio, quando as coisas começaram a ficar mais encaixadas, eu tomar um balde de água fria?!
-Amiga linda, vai saber se pra ela já não tava no deadline? Tem mulher que quer ler só as duas primeiras páginas mesmo!
-Nossa Mariana, você acabou de me lembrar que eu emprestei meu livro mais xodó da Hilda pra ela.
-Ai Giulia, deixa pra lá, esquece essa mina meo!
-Credo Mariana, como se eu fosse uma escrotinha, eu não vou esquecê-la, eu vou transformar o que eu to sentindo.
-Mas você não disse que não queria mais?
-Não! Eu deixei a critério dela o meu "não quero mais"...foi dúbio, eu quis dizer que não queria mais do que ela tinha pra dar, mas meu alterego se intrometeu e quis deixá-la com a impressão de que eu não queria mais ficar com ela. Eu sei que no fundo foi melhor freiar, eu acho que ia ficar cada vez melhor, eu tô com tanto tesão, merda!
-Giulia, por que você não fica na sua e espera pra ver se ela ta afim de você?




(Passam-se os cinco primeiros dias, Giulia tem dores de estômago, insônias maiores que as triviais, sua memória guarda fotografias e canções que não consegue mais nem ouvir. Ela chora no banho, liga pra amigos que faz tempo que não vê. Até o seu cachorro a faz lembrar que no fundo é só mais uma paixão aguda e perfumada...que depois de alguns dias frios e lágrimas matinais misturadas com sorrisos... passa)


(Clarissa continua fazendo muita ginástica e sendo incrível no trabalho, algumas horas do dia ela lembra das frases absurdas de Giulia e da quantidade de perguntas que lhe foram feitas em tão pouco tempo. Ela sente falta de um homem legal, ela não gosta muito de festas libidinosas, ela prefere Cazuza a Rita Lee, ela presta atenção em testes de revistas)


-Alô
-Oi
-Oi
-Não creio... que saudade Clarissa, faz um mês!
-Quer jantar?
-Não! Quero te ver, fazer outra coisa!
-Ai Giulia, tem certeza?!
-Tenho, mais uma vez...pra gente se despedir, eu to indo viajar!
-É, ta indo pra onde?
-Não te interessa...quer me ver ou não?
-Quero!
-Tô aí em quarenta minutos!



O tempo dum livro ser lido, o quanto dura um passeio prum cão, a posição do sol, naquele horário que você pode ficar esticada nua, na sua própria cama, só recebendo...o tempo duma garrafa de vinho, ou de um jantar, o tempo que a tarde dá pra noite se arrumar, o tempo que a noite tem pra se despir, a reação dos olhos quando a noite amanhece nua...


É engraçado a vida deixar a gente esperando muito mais que quarenta minutos uma resposta que alivia a nossa dúvida por um segundo. O deleite da resposta pode durar no máximo dois minutos, a delícia não admitida, que é a dúvida, processa na gente a adrenalina do risco, o risco de mudar, e mudar é pra sempre, sempre é um risco, até pra quem não está disposto a correr o risco de mudar.

terça-feira, 19 de abril de 2011

De hoje

De hoje não passo de agoras
ja que meus ontens de rendas senhoras
viram sempre meninices e amanhãs
quando menos espero
os risos do agora
...contam sóis e auroras
nos dedos dos ontens que já são senhoras
me resto então amanhã
mais senhora de mim do que agora

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

As tentativas são iniciativas em dúvida
o medo é uma roupagem resistente

A gente às vezes se veste tanto
que não recebe a dádiva

O presente sempre nos prefere nus .

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sorria: Eu não te conheço

Abri um álbum
olhei prum tempo
era um outro tipo
de riso que seus olhos riam
mas sempre um jejum no seu olhar
eu reparava


Antes de agora
mesmo e até
nas fotos
seus cabelos cheiravam bem

Não sei o que te aconteceu
Seus gestos parecem amargos
sua pele parece triste
seus cabelos insatisfeitos
seu riso incomodado em sorrir

Nem te conheço
mas acho que você precisa
comer mais piadas
bebericar umas bobagens
cantar canções cretinas
galhofar do seu chefe

E acho que você precisa
urgente
nem que seja por uma semana
ser feliz !

Fechei o álbum
passou um tempo
é outro gesto
é novo o tempo

Não te conheço
mas sorrir faz bem
não importa ontem
o riso é sempre agora

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Anotações sobre o que não esqueço

Eu deixei de usar drogas há tempos
nem álcool consigo beber mais
Eu não uso mais roupas sintéticas
nem brincos artesanais

Eu não uso mais sapato alto
nem cobertor a noite
Meus dentes são mais brancos que antes

Eu não gosto mais de chita
nem de bolas e árvores de natal
Eu agora uso branco pro reveillón

Eu não uso mais as pessoas
Eu ainda danço disco inteiros
sozinha em casa
Eu não acho quiabo tão gostoso quanto antes

Eu já não gosto mais de usar as pessoas
Eu uso branco em dias normais

Hoje vejo a passagem
do estranhamento pra intimidade
no tempo de uma confissão

Eu não atendo mais telefonemas quando estou sem vontade
Eu agora sou fria com os profissionais
Eu não choro mais no trabalho

Eu choro por concretudes
entendo mais o sentido gelado que o futuro tem
O que existiu é mais quente que o vazio.

Eu já não ignoro mais
a dor que o desejo dá e tem

Eu conheço as dores lentas
Já pensei sobre o esquecimento necessário
de certas coisas
e não entendi ainda
do que se constituem as coisas que a gente não esquece

Me dei conta que algumas alegrias
são intimidades obscurecidas por expectativas
O tempo tem um senso de esquecimento
mais elegante do que inteligente em alguns capítulos da vida

Eu ainda me dedico aos inícios
acredito neles...

E quando esqueço alguém
percebo
um espaço bom de espreguiçar
Sou ladeada
por um afago divino
que aprova o esquecimento
e ensina abandonar

O esquecimento parece uma coisa que não é
Quase toda memória
morre dentro de uma lembrança
e vira lápide eterna

Enterrar uma memória é possível
O difícil é obscurecer a aurora da lembrança que já é você hoje

Esquecimentos são ilusões que a alma dispõe pra nos brincar vezenquando.