quem estou?

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sobre os delírios me deito.....a cama desalinhada me enruga... acordo em seguida.... num pulo percebo que delirar é estar sóbria e ser sóbria é estar atenta aos canais pro delirio do amor que tem no mundo

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não há nada de errado com o verão, só o outono que parece apressado

há somente um enfeite nos olhos...o olhar

há somente um enfeite nos olhos...o olhar

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Quando era uma vez

O peão gira reluzente
a nuvenzinha sem pressa recolhe seu rebanho de pipocas de pelúcia,
 já é hora de juntá-los
o céu fica aberto
as nuvens somem, não sei, nunca entendi pra onde vão

Um pátio vazio acima de nós
é um céu?

o peão diminui sua força
a mãe chama pra jantar
o sol esquenta os chinelos sem pés
que ficam ali até amanhã

todos entram
banho é o último jogo de brincar
a comida é séria, não se deve por as mãos
depois termina

a gente dorme e quase nunca tem muita graça dormir

E quando acorda já é grande
ainda temos mães, disfarçadas de namoradas, amigas e suas mães, mestres.... comidas feitas com afeto

Ainda temos o telefone da mãe

As vezes a vida fica rápida
o relógio não funciona mais, não tem mais hora de jantar
o tempo é durão, não presta atenção nos nossos jogos de brincar, tudo é sem segunda chance, o café com leite é sem açucar, mas vale, sempre vale

E o tempo insiste em estar  sempre em outro lugar, mesmo quando tudo que a gente mais precisa é dele

Agora o jogo mais divertido são pessoas, palavras, distâncias, cafés pretos, telefonemas prometidos, canções antigas, amores proibidos, noites mudas, madrugadas aguçadas, manhãs exaustas

A gente ainda é ontem mas parece que não

O peão gira reluzente na memória
a vida é orbital
Todo dia a gente acorda
e a órbita acorda diferente
nem sempre tem graça ser orbitado

Os meus chinelos quentinhos não estão mais no quintal do jeito que os deixei
Isso confunde o coração
que insiste em estar sempre no meio do meu peito, como sempre foi

Nem sempre tem graça escrever sobre o que fui quando sou outra


domingo, 24 de junho de 2012

cair dormir acordar



Lançada no abismo-cama elástica
O abismo me sorri despido sem fim
vou-me

E laçada pela irrefutável teia
que me amortece
na queda
não sinto dores

Me aninho
e só lágrimas prazerosas escorrem
 de todos os meus olhos

E durmo-acordo
infinita de ti

sábado, 16 de junho de 2012

Quem pergunta o gume da palavra não está pronto pra acordar com poeta

O ciúme é doce
acontece

não diga que não

o ciúme aprende
tece quieto o que não lhe pertence

Palavra bonita quando é diagonal corta
é cor de veludo mofo
é maciez sem gole
sede sem copo
trago sem brasa

É no peito bobo de poeta cansado
que palavra coagula o que nunca sangrou
amanhece o que nunca dormiu
escuta o que nunca saiu
vasculha o que nunca perdeu
alegra a quem nunca sorriu
E jamais encontra o que não existiu