O peão gira reluzente
a nuvenzinha sem pressa recolhe seu rebanho de pipocas de pelúcia,
já é hora de juntá-los
o céu fica aberto
as nuvens somem, não sei, nunca entendi pra onde vão
Um pátio vazio acima de nós
é um céu?
o peão diminui sua força
a mãe chama pra jantar
o sol esquenta os chinelos sem pés
que ficam ali até amanhã
todos entram
o banho é o último jogo de brincar
a comida é séria, não se deve por as mãos
depois termina
a gente dorme e quase nunca tem muita graça dormir
E quando acorda já é grande
ainda temos mães, disfarçadas de namoradas, amigas e suas mães, mestres.... comidas feitas com afeto
Ainda temos o telefone da mãe
As vezes a vida fica rápida
o relógio não funciona mais, não tem mais hora de jantar
o tempo é durão, não presta atenção nos nossos jogos de brincar, tudo é sem segunda chance, o café com leite é sem açucar, mas vale, sempre vale
E o tempo insiste em estar sempre em outro lugar, mesmo quando tudo que a gente mais precisa é dele
Agora o jogo mais divertido são pessoas, palavras, distâncias, cafés pretos, telefonemas prometidos, canções antigas, amores proibidos, noites mudas, madrugadas aguçadas, manhãs exaustas
A gente ainda é ontem mas parece que não
O peão gira reluzente na memória
a vida é orbital
Todo dia a gente acorda
e a órbita acorda diferente
nem sempre tem graça ser orbitado
Os meus chinelos quentinhos não estão mais no quintal do jeito que os deixei
Isso confunde o coração
que insiste em estar sempre no meio do meu peito, como sempre foi
Nem sempre tem graça escrever sobre o que fui quando sou outra
quem estou?
- ...
- sobre os delírios me deito.....a cama desalinhada me enruga... acordo em seguida.... num pulo percebo que delirar é estar sóbria e ser sóbria é estar atenta aos canais pro delirio do amor que tem no mundo
quarta-feira, 27 de junho de 2012
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Um comentário:
Oi Beatriz. Estou sempre dando uma olhada no seu blog, gosto muito dele. Nos vimos esses dias no Outback e te disse que ia postar. Gostei em especial desse seu último post. Engraçado perceber como mudamos a medida que o tempo passa, mas como no fundo temos os mesmos medos, hábitos, desejos, etc. Muito legal! Bjo.
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