quem estou?

Minha foto
sobre os delírios me deito.....a cama desalinhada me enruga... acordo em seguida.... num pulo percebo que delirar é estar sóbria e ser sóbria é estar atenta aos canais pro delirio do amor que tem no mundo

Visitas ao atalho

click tracking

não há nada de errado com o verão, só o outono que parece apressado

há somente um enfeite nos olhos...o olhar

há somente um enfeite nos olhos...o olhar

sábado, 12 de abril de 2014

Eu minha melhor inimiga

 -Sugere uma trilha pra minha insônia-futuro-passado?

 -Visitas frias, paisagens duras ou vistas rápidas não desejadas?
O que te faz pior?

Uma insônia é sempre a festividade favorita dos fantasmas. Momento de alegria confiante dos demônios da mente.
Qual a trilha sonora?
A tristeza as vezes é fluorescente nos olhos do inimigo e é silêncio lancinante
nem a alegria aguenta

Basta uma palavra envergada dum não amigo pra uma alma delicada fenecer no árido tabuleiro

Sim, jogávamos feito amigos no quintal da madrugada. Alguns pernilongos agudos atrapalhavam o jogo, suas vozes destilavam nomes casuais de pessoas causadoras das coceiras permantentes

Algumas noites ensinam mortes
Alguns pernilongos apitam monstros

[qual nome tem a revoada de corvos que mora dentro do alguém que não te ama?]

Em qual cemitério está enterrado o coração de antes?
No peito do desprezo
na esquina do desespero

Os inimigos parecem boas companhias
[Os monstros, aqueles? sim, os que te acompanham em cinemas, as vezes sopas, quase nunca amor]
Boas companhias, até você se ajoelhar pra consertar os cadarços
Eles sorriem até, mas olhar nos olhos só olham enquanto você dorme
Tem inimigo que vem disfarçado de convite
Daí você espirra ao lado dele e ele torce pra que seja pestilenta a sua gripe, que seja lenta a sua morte

Eu
Eu
Eu
Tenho estado bem acompanhada de inimigos.
Acredito na atração que sinto, mas pergunto, isso então aos Deuses*(meus bons amigos) que me abandonam as vezes, por quê?
Por que me abandonam os Deuses, se os meus inimigos vem disfarçados , doces  frágeis criaturas com mãos de esmola?
A esmolar minha alma açucarada feito formigas [com cheiros que conheço desde criança]

Vocês, Deuses, me deixam a sós com eles, sempre.

Por que os meus inimigos me atraem?
Eu sou das formigas
Até os inimigos me dão as costas quando as formigas me carregam pra dentro dos seus
tabuleiros-formigueiros-eternidades.


*conjunto de Eus iluminados

-Acho que talvez Rachmaninov .

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Sirvo servir

Pra que serve um Poeta quando a tristeza  atrofia ?
(pergunta uma joaninha à arvore no outono)
Serve como sua única opção de travessia
o Poeta caminha nas dores da tristeza assim como você e suas bolinhas vermelhas
 caminham nesse tronco, eu,
 desidratado nu e ainda assim belo
Pois enquanto  Árvore sei que sofro estações
e sorrio primaveras desde que nasci

Pra que serve um poeta apaixonado
se sua solidão lhe solicita o tempo inteiro?

Pra que serve procurar soluções-paredes pro eco
a palavra tem a opção da ressonância
os cômodos são surdos
por isso repetem o som
os poetas não

as camas arrumadas não têm poesia
uma cama alinhavada por dois
 sim

O banho dum poeta serve pra conversar memórias
a poesia é o futuro da memória
é necessário água

uma intenção poética
tem mais medo que a ação poética

Pra que serve a tristeza quando o poeta chora?
(perguntou a Árvore à Joaninha)
Serve pra lubrificar o olhar
pois só é possível refrescar a tristeza
se o olhar estiver molhado

Pra que serve o Fim ?
(perguntou o Início)
Pra gente se encontrar em algum momento que os dois não estejam indo pra lugar algum.




quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Pornosonoridade

Ovos sábios
sabiás óbvios

Vê cantar o colorido da voz?

Voz sábia
Vós sabiá

Meridiano do silêncio
Cú sombrio
Só acender

Válvula do acesso
pulsando feito o tempo

Bocetas oráculos
flores exóticas
Bússola pólen

Bossas velhas
pétalas rock

Eixos entumescidos pelo verão das vísceras
Sóis sangrando raios férteis

Sois vós
 Vozes sóis


PassaDeus

A origem
 matéria do passado se encontra num vale de vôos e sobras
Voar ontens altos
agora horizonte
Auto-agora-oriundo

Oriente do abismo é o chão?

Caí tantos atos
que até as cortinas acabaram
Sobrou hoje
agora autista

O auto agora se exercita no trabalho de esquecer como NÃO era
é tão exagerado o abandono
envolve tanto fantasma

eternos tantos fantasmas
tanto faz... mas

tenho fantasmas debaixo das unhas
nas cerdas da escova de dentes
na tampa do creme hidratante

Não consigo vencer tantos
São vírus esporulados
hibernam no sangue do agora
são feios
são lindos
são ela
são eus
são anões
são muitos
são seus

tanto faz mas tantos ?
e tão chatos com suas fantasmagorias

Meus Fantasmas são DEUS
MUITOS

sábado, 22 de dezembro de 2012

Era?

Era você quando eu sonhava sem rostos?
As criaturas-convites
o risco dos sonhos longos

Era você que me esperava
 caso eu sonhasse tudo?
Tantas vezes eu voltei a dormir só pra ver seu rosto
Quis certas noites postergar o sexo só pra dormir-sonhar logo o risco
(sempre havia um resto do sonho a ser dormido)

Hoje
se acordo d'algum  desses sonhos-antes reparo
que não há outro lado pra chegar
Não era um rosto nem monstro

Era o desejo

É você o que eu tanto pressenti?
Você é o desejo que acordava em minha cama sem estar ao lado?
(e não dormia mais)

É você o desejo?

sábado, 1 de dezembro de 2012

Ganhei perder

Chegou num dia feito notícia
Banho tomado, chá servido

Chegou solene pela porta convencional (da frente)
passos de licença 
cheiro de pra sempre

Chegou 
sentou 
feito uma canção 
no meu peito banco de praça

Foi sem ver
minhas mãos já recebiam as suas
 naquele tempo de notícias
(desde as minhas confissões e suas graças)

Daquele tempo de falácias

Não se pode acusar o passado pelo tipo da notícia
 pelo tipo de porta aberta
 pelo tipo de engano
pelo semi-tipo de destino

Chegou feito um enxame
Todos gritaram
era imagem perigosa até de fora
Sobrava morte a cada picada

Tinha um cheiro doce aquela quase revoada
Ah se fossem(os) pássaros

Não estaríamos até agora tentando 
a colméia arrumar

Agora nos resta esticar camas


Chegou feito um motivo
Não saberia resolver sua partida
Você sempre chegava
eu sorria
Você sempre me amou
Não saberia desimaginar nada
reconheço:
Te esperava

Vi sem ver, minhas mãos mudaram de tato
Nunca mais abri meus olhos
Tinha certeza que tudo sumiria após a  próxima canção motivo

Daí sumiu o teto
Ganhamos o céu debaixo dos lençóis
o Céu

Ficou...feito a música do véu
feito o cheiro das coisas
feito ficar até nunca mais abrir os olhos do céu

Fiquei sem a porta da sala
sem o descascado da tinta
sem a música silêncio
sem os segredos da trama
sem os urdumes da confissão do pra sempre

Ganhei vertigens, solidões
ganhei AGORASEMIAMANHÃS

Ganhei perder o medo da vida agora

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Um poema pode

Um poema pode ser teu
melhor amigo
Um poema pode ser seu
 amor perfeito
quando seu amor estiver doendo
 então
Um poema sempre vai estar
 no coração
quando fora parecer esquecimento ou ilusão

No tipo de solidão que o outro provoca
no outro dos outros deles
no ir embora de um olhar amoroso
no não escutar um poema choroso
por estar o(cul)pado demais

Nisso um poema nunca vai te trair

Mesmo que não sejas enganado pelo outro
É possível que tu te enganes com isso
é bem possível
que o outro só exista
enquanto você achar-se inteiro

Não existe nada inteiro
além de tentar ser

Ser mais forte
mais delicado
mais claro que um poema

Não existe nada além dum poema

Você me sobe à cabeça
Vem do estômago 
a saudade num trago

tuas imagens riem 
da minha devoção poética
Pura saudade
solavanco no peito

Dormir é grave
seu tremor me percorre
corpo adentro

Só te amo

em tons fortes
me sobe à cabeça
ao deitar
rútilo sem fim

Só amo sem fim

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Quando era uma vez

O peão gira reluzente
a nuvenzinha sem pressa recolhe seu rebanho de pipocas de pelúcia,
 já é hora de juntá-los
o céu fica aberto
as nuvens somem, não sei, nunca entendi pra onde vão

Um pátio vazio acima de nós
é um céu?

o peão diminui sua força
a mãe chama pra jantar
o sol esquenta os chinelos sem pés
que ficam ali até amanhã

todos entram
banho é o último jogo de brincar
a comida é séria, não se deve por as mãos
depois termina

a gente dorme e quase nunca tem muita graça dormir

E quando acorda já é grande
ainda temos mães, disfarçadas de namoradas, amigas e suas mães, mestres.... comidas feitas com afeto

Ainda temos o telefone da mãe

As vezes a vida fica rápida
o relógio não funciona mais, não tem mais hora de jantar
o tempo é durão, não presta atenção nos nossos jogos de brincar, tudo é sem segunda chance, o café com leite é sem açucar, mas vale, sempre vale

E o tempo insiste em estar  sempre em outro lugar, mesmo quando tudo que a gente mais precisa é dele

Agora o jogo mais divertido são pessoas, palavras, distâncias, cafés pretos, telefonemas prometidos, canções antigas, amores proibidos, noites mudas, madrugadas aguçadas, manhãs exaustas

A gente ainda é ontem mas parece que não

O peão gira reluzente na memória
a vida é orbital
Todo dia a gente acorda
e a órbita acorda diferente
nem sempre tem graça ser orbitado

Os meus chinelos quentinhos não estão mais no quintal do jeito que os deixei
Isso confunde o coração
que insiste em estar sempre no meio do meu peito, como sempre foi

Nem sempre tem graça escrever sobre o que fui quando sou outra


domingo, 24 de junho de 2012

cair dormir acordar



Lançada no abismo-cama elástica
O abismo me sorri despido sem fim
vou-me

E laçada pela irrefutável teia
que me amortece
na queda
não sinto dores

Me aninho
e só lágrimas prazerosas escorrem
 de todos os meus olhos

E durmo-acordo
infinita de ti