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sobre os delírios me deito.....a cama desalinhada me enruga... acordo em seguida.... num pulo percebo que delirar é estar sóbria e ser sóbria é estar atenta aos canais pro delirio do amor que tem no mundo

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não há nada de errado com o verão, só o outono que parece apressado

há somente um enfeite nos olhos...o olhar

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terça-feira, 7 de abril de 2009

carta endereçada a mim ,remetente desconhecido e íntimo(Piccoli Camila)

olá Foxtrot!!! Como vai essa vida ? passando a mão em você também?
por aqui resta um troco, um resto de osso, raspas que me interessam demais, pois é por amor que me interesso, e também pelos copos d'água servidos ao lado da cama, como de costume. O cheiro que fica para sempre colado nos restos do ontem, amanhecido e duro como um pão velho de padaria.

O foxtrot por aqui baila mais agitado do que nunca, balança seus pezinhos ágeis e fáceis de seguir, pelo brilhantismo da experiência, pelo fascínio do desconhecido, por tudo o que ainda não foi visto na longa estrada. um caminho a ser descoberto é uma janela aberta para o infinito, e deixo, Foxtrot, que o vento bata bem forte no rosto, a tal ponto que mal consigo abrir meus olhos. ofusca, dói, machuca, mas é tudo o o que a viagem me reserva até chegar no meu ponto original de saída. sabe, Foxy, às vezes me pego bêbada de tantos ontens, e o amanhã me causa muita ansiedade. mas não se apoquentes com meus aborrecimentos, são apenas alavancas de sobriedade, algo para me fazer escutar mais o universo da cidade.

conheci uma garota outro dia, muito interessante. ela tem uma síndrome ainda mais incomum chamada síndome do coração partido. acredite! é a mais pura verdade, mesmo que pareça um destino cruel e insólito para os ignorantes. diz-se ser recorrente em pessoas que amam acima do céu. o doutor explicou para ter cuidado pois pode gerar alguma anomalia inaparente, mas perigosa para a saúde do corpo, um tipo de deformidade nos sentimentos de amor e ódio, mas tampouco sei detalhes, então pode não passar de mera especulação. não é deveras inusitado? eu visto a fantasia! e digo, Fox, não pode ser mentira.

não demore em se corresponder comigo novamente. ando tão distraída de mim que às vezes preciso que alguém conhecido me lembre para onde vou. é a tal viagem, ou ponto de saída que te falei na última vez que em nos vimos.foi um breve encontro, mas de inequecível duração aqui dentro do .

Foxtrot, espero teu versinho com um espaço todo teu em mim.

Amor,

Katrina

quarta-feira, 1 de abril de 2009

no véu das olheiras

Quando a miséria do mundo fala sozinha
olha-me os olhos como se fosse comigo
como se eu fosse o motivo

Devo estar alterada pela miséria do mundo
Devo estar contaminada
como se fosse comigo

Revelações praguejadas
pregando pra nada
ninguém vendo a prece
a prece dita em vão

pregos furando a fé
passos contados a pé
delírio e fé

Murros dados
facas pontudas
Facas suspensas do céu
ruas abrindo
nos pés
Roupas questionando
a rotina de nós

Nós dados sem soluções
palavras pregando por si
Habitando
espaço de nada significar
para não existir.

A miséria do mundo me beija nos olhos
como se fosse vento
secando meu choro
e serena
a virar
lentamente minhas páginas

Vagas de solidão a venda
vagas a bagatelas

Aluga-se para não estar

Pessoas e suas heranças
passos iguais
sem mudança

o mal a invadir os olhos

A miséria da alma
vem do quarto vizinho
que está quase completamente habitado

Mas a vizinhança é o lado de fora
as olheiras dos outros
não são nossas noites sem sono

Os nós são o lado de dentro
As prisões são celas abertas
com vagas de solidão amostra

E a miséria do mundo é a semente da solidão.