quem estou?

Minha foto
sobre os delírios me deito.....a cama desalinhada me enruga... acordo em seguida.... num pulo percebo que delirar é estar sóbria e ser sóbria é estar atenta aos canais pro delirio do amor que tem no mundo

Visitas ao atalho

click tracking

não há nada de errado com o verão, só o outono que parece apressado

há somente um enfeite nos olhos...o olhar

há somente um enfeite nos olhos...o olhar

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

a procura interessada por apreço

pareceu ser
mas me engano sempre

parece ser engano de novo

mas o parecer é grátis

o sempre é que é caro

parece sempre sair caro se enganar

pareceu sim
um engano assumido

o teste de parentêsco deu negativo
mas não pareço padecer
fico chorosa de amor,
de amar o que inexiste
apaixonada até Dezembro próximo, apaixonada pelo que não foi....


Meninas saem da naturalidade ,esticam a expressão do sorriso,erguem a sobrancelha num ar de superioridade, mordem a boca e achando sensual fazem cara de inabaláveis....diante dum louro esguio de barba aparentemente descuidada.
Os pés viram de lado como se fossem uma canoa mal-feita , alternam-se entre isso e saltinhos de ansiedade, pulinhos com o calcanhar.
Os pés mostram o nervosismo e o incômodo em existir a possibilidade ,de ser menos interessante que o macho louro-alfa,cheio de si...Um tantinho interessado nela, só que ainda menos que o demonstra...

moça em frente a livraria acaba de avistar moço chegando de blazer marron-claro-veludinho na altura do punho....(aparência esteticamente correta).....vindo ao encontro da mesma.Faz-se desentendida pra dar a sensação de que ele a viu antes dela, e assim começar a certeira versão do primeiro encontro, induzido e ineficaz!

Isso torna a interessada presa do interessante, porque assim que ele chega, ela deixa cair seu livro novo na poça suja.E antes de beijá-lo no rosto, se abaixa virando pra ele seu traseiro inocente e distraído , pra pegar a sacolinha ...Ele tem intenções ,mas não tem afeto, ela ta nervosa, mas não admite.
Pega a sacola e volta para o campo de visão do macho...que fuma tranquilamente e até observa as mulheres da mesma calçada , da mesma rua, menos nervosas ,e que não o temem, feito a fêmea a sua frente de sapatilhas bobas.A cumprimenta com tranquilidade e a olha nos olhos ,sem parecer interessado, mas com garantia de a estar interessando.
Ele se posiciona sem dificuldade ao lado dela,ela parece estar desesperada por um sorriso.Ainda sem posição boa para iniciar o diálogo, toma desajeitadamente o cigarro dos dedos delicados do macho, louro e alto,e quase se queimando ao tragar o filtro do jeito que veio, tenta começar um diálogo bem humorado...Faz caras e sobrancelhas enquanto ele conta os andares dum edifíco da grande São Paulo ,ensimesmado e gentil.
Os pés começam, frenéticos a se torcer de lado,enquanto ele, no máximo, posiciona seu quadril para o lado oposto de apoio da perna.
O macho termina de contar os andares ,e resolve olhar docemente pra moça, colocando agora suas mãos magras, sobre os ombros coloridos do vestido dela e decide andar.
Em seus bolsos tem cartão de crédito ,cigarros e camisinha.
Ela ,que tentou dias e dias parecer desinteressada nele, carregava necessaire,sorte do dia,ipod,balas de cidreira,perfume,carteira e sacola suja de barro com o "livro sobre o nada" de Manoel de Barros ,e disco do "Cartola" para dar de presente ao melhor amigo ....sem perceber só fez o que os olhos dele mandaram ,e ainda assim teve medo de não ser interessante, ou melhor,interessante o suficiente para receber uma declaração de apreço.

quem acena?

A cena....
-quem, a cena?
-é!

Fim de ano....fim das porcarias do ano....
Feito um intestino de datas corridas, come-se datas o ano inteiro,aí qdo chega o fim a explosão é mais uma data!
Que preguiça das datas coloridas, quem foi que inventou essa barulheira com hora marcada?

As pessoas saem do trabalho , de casa, com uma alegria de entristecer, parece que são convidadas a gozar de outra esfera universal,nessa justa data feliz.

Data apertada, parece dor de barriga....só faltam aqueles seis ou sete dias,pequenos excrementinhos.... como se fosse uma prisão de ventre a última semana do ano.
A gente engole bolas e bolas de horas comprimidas, e depois bebe toda a falsidade no dia escolhido e jura que foi melhor que o ano anterior.
Pra mim os derradeiros dias do ano são como uma vontade insuportável de usar o banheiro de casa, quando se está fora de casa...
Vai chegando perto.... a agulhada vai aumentando mais e mais....você procura a chave da porta da sala, mas só encontra a da cozinha, entra pela cozinha mesmo.
Como tomar proseco no lugar de champagne!
Seu telefone toca no momento em que vc está fechando a geladeira (q tava aberta não se sabe desde que horas), isso pq ta no fundo da bolsa-sacola o celular, e vc apertada pra abrir as calças tem que atender o telefone e ouvir:
-Feliz natal querida...como estão as coisas, ta trabalhando muito?
-Obrigada...feliz pra vc também...trabalhando, sim , sempre...e os seus filhos, vão passar aí no sítio ,dona Ernestina?

Sabe aquelas pessoas que nunca ligam e ligam ,só pq estão na frente do telefone ,prontas pra fazer o seu dia mais feliz?

Pois é...é como decidir se vai jantar em casa ou jantar de branco...

-Dona Ernestina, manda um beijo pro Marquinhos ,pra Fernanda, e fica bem aí, se cuida, da uma diminuída no cigarro ja que vem aí o ano novo né....
-Sim, minha filha, deixa beijos no seu marido, e convida ele pra conhecer o sítio.

O pior de tudo é que uma pessoa q vc herdou da sua família, nem sequer sabe q vc é de sexualidade duvidosa...e afirma sem receio q o seu par é um marido!
Saindo do telefonema lento a minha testa ja tava suada e minha dor de barriga suspensa...
Ja reparou q qdo a gente ta esganado pra usar o banheiro é mais gostoso do que criar um momento pra sentar lá?
A droga do celular me travou de vez...e agora...o que serão das minhas datas do ano inteiro presas no intestino preso...
Não gosto de natal, que fazer faltando tão pouco pra acabar o ano cheio de "quases"?
Tempo de comparar o tempo anterior, de reparar a caminhada, mas isso pode ser feito em solidão...em comidas leves.
E não em comprar, lembrar de comprar, se afogar pra comprar um sabonetinho de luxo pro seu amigo do peito!

Por que é tão normal ficar extravagante no Natal?
Por que as vontades se confundem e pessoas imbecis te saudam na rua?

Queria entender o que acontece com os desejos desse mês


Bom, eu não estou extravagante....Só um pouquinho mais atenta, desejosa, pode ser....
Eu acho o fim de ano uma lotação!
Digerir o ano no intestino grosso em explosões de alívio , que no fundo são implosões de limpeza disfarçadas de alegria por ter terminado....

Quem acena?
A cena!

-Quem é o bobo do semáforo que nem me conhece e quer presentes?
-É um bobo qualquer...nem olhe
-vai ver é meu espelho o que a cena de longe traduz em aceno ....
-ele acena?
-ele é a cena, o tempo inteiro cena...que preguiça de olhar
-vire-se então...o que ele ta pedindo?
-nada, mas quer atenção só pq é Natal!

Quem?
A cena!

sábado, 20 de dezembro de 2008

A noite da beliche tomada

Era um rosto o tempo do pêndulo, era o sono vindo e indo o pêndulo, sempre terminando em "ir".
O estrado da cama de cima ja me cansava a contagem,somava sempre ímpar, os vãos também , sempre ímpares.
O rosto do pêndulo era a mentira da noite,a mentira de ninar.E se algum choque de chuveiro resolvesse me explicar a razão daquele rosto árabe ,eu seguraria o choque...até sorriria pra resistência malvadinha do chuveiro.

Após cinquenta contagens e um choque na cutícula desfiada ,o moleton começou a perturbar os recém-giletados pêlos, roçando meu corpo como estivesse no meio da palha.Fiquei de calcinha.

Variei o pensamento e lembrei de um banheiro ,de pastilhas quadradinhas em pastél,em que eu entrava no dia frio, após um fim de romance tórrido.
Não tinha papel higiênico, aliás ,naquele dia era o segundo banheiro em que o papel não havia frequentado.

No colo ja estava contado cerca de 13 folhas de secar mão,quadradas também.Também ...porque tudo estva quadrado desde a bendita noite da beliche tomada,inclusive a cólica do meu abdôme.
Se lembrei do banheiro , é claro que poderia lembrar de onde vinha aquele rosto de costeletas unidas às têmporas...Pois o rosto arrogante e sorriso atemporal não era construção,era projeto acabado, existente, era rosto de gente.
Era um resto de gripe que me constipava, em meio as bolinhas peludas de cobertor pra visitas.

O pêndulo insone não parava de convidar o árabe a deslizar suas mãos peludas,revestida por retos pêlos, em minhas ondulações mais macias.
A cada espirro, me retirava do sono em doses....fui me afastando de dormir...ja tinha terminado de contar as ripas do estrado,não havia mais nem vãos para contar, a soma deles finalmente dera par.
E a porra do Árabe não desistia de me molhar,comecei a admitir que queria dar pra ele.
Beatriz

domingo, 7 de dezembro de 2008

bahia bahia

O que te deu em mim?
Que anda me chamando pra te ver?
tanto que me alisa bem gentil e oferece até lugar de ir...
Ah Bahia se me soubesse tão sua não faria isso...

Me retira, me quer retificar...e eu não sei o que restar daqui.
é puro jogo baixo molestar-me assim ô Bahia...
por que é que não me olha nos olhos Bahia?
e só me acena de longe apaixonada...

Por que é que não me toma nos braços de uma só vez Bahia
e me leva pra seus quadrados dos tantos paralelepípedos de Pelourinho?
Ah eu sim
eu sim nasci pra receber Bahia...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

o nome da beleza

-Prioridades....priorize Marília, sabe diferenciar entusiasmo de prioridade?

-Sim Beto , eu sei a diferença, mas eu me envolvi , acho é culpa da beleza...a gente fica pequena quando a coisa é mais bonita do que parecia antes de reparar.

Os homens sentem a beleza, nós mulheres tragamos o hiato entre o belo e a beleza....A gente esquece ao que se deve o elogio, fica maior , faz mais sentido sendo belo.
É um esfumaçado na visão, parece um cílio perdido na pálpebra o momento em que a beleza se repara .Incomodativa, não dá tempo de olhar inteiro, enorme reflexo perturbando , é agudo, não sossega enquanto a gente não se aproxima dele,do belo da beleza.
O belo não perde a oportunidade de furar os olhos, mesmo quando não quer entrar de vez.

-Marília, isso é atração, conhece esse comportamento humano, ja ouviu falar?
-É atração , mas é um pouco mais demorado que isso, não é uma vitrine Beto, é um parque arborizado sem linha de fuga,sabe?
São toalhas estendidas em gramado.Do alto pequenos quadrados,de perto, frutas cortadas , úmidas, ardentes, salivando em cima da toalha...chegar perto é sem volta.

A beleza é a criança do belo, ela pode até crescer sem implantes,histerias, babados ,sorvetes melados ou disfarces, e ser belo um dia.
Pode até se tornar, mas não é regra da beleza ser o belo.
O belo passa batido, a beleza não, a beleza é estática, invariável,insípida(mesmo em suas insinuações).
Até mesmo o bêbado distraído de cachaça reconhece a beleza.Ela ta ali.
Ver o belo é mais chato.
Parece que gente tem que estar fértil, limpinha, contente de si,feito aquelas campanhias que adoram receber visitas , o blim-blom viváz , como se fosse um despertar pro que vem de fora.
-Mas Marília, o belo ta dentro da gente, fora só tem a identificação...Reparou como eu janto naquele restaurante do começo da Angélica, ha tres anos e sempre acho tudo belíssimo?E você foi lá e disse que parece uma selva!
-Parece mesmo Beto, só que é um restaurante , não uma beleza sem nome, só um restaurante....
-Exatamente, eu vejo o belo ali também, você não, nem a beleza você vê...
Ai... eu acho o máximo almoçar com as paredes cheirando terra, ser recebido por um jardim comprido, tipo um corredor arborizado,cheiro bom, lugar lindo.
-Essa é boa Beto, quem dera eu gastar meu faro do belo num restaurante.Coisa de veado.Vai ver que vc é um jardim cheio de begônias úmidas e paredes desmanchando de barro, e que as suas plantinhas internas procuram sempre uma estufa na hora de se alimentar.Isso é comer Beto!
To precisando dar um nome pra isso que eu to sentindo Beto, é insuportável achar o belo arborizado.Não consigo respirar, como assim arborizado....e é! Me sufocando!

Dia desses eu tava trabalhando, e os olhares também,alguns olhos são passagens compradas na hora,enquanto outros são sem volta...aí um olhar me congelou, ardeu, foi fininho, entrou....Me dei conta.

-Beto , me rasgou, fiquei escancarada e pedi pra sair!
-você fugiu?
-não, eu fingi fugir.

Não vi outra saída , era o belo, eu acho que o procurei , achei..
Quando é beleza a vista, é rápido , nem tem febre , a gente só passa, a beleza passa.
Se congela e dói é porque é belo, aí não dá pra ir embora, não dá pra esquecer, não dá pra reduzir a lembrança.

-Marilia...e se vc voltasse atrás?
-Mas eu nem fui embora Beto, só morri um pouco depois daquele olhar.

Morri morrendo aos poucos, fiquei olhando pra trás até sumir....e não sumia.
Comecei a soluçar,e andar mais rápido até o final da vista, já que agora era menor o rasgo e o belo ja havia me perdido do olhar.

-Mas você disse beleza no começo Má,como você sabe que esse ímã vem do belo?
-O belo com reforços de beleza.
Uma amiga poetisa disse que o Rimbaud disse: "descobriram a eternidade , é o mar encontrando o céu!"
E é quase isso Beto!
-Deixa eu te levar pra almoçar vai, são onze horas .
-Nossa, só pensa em comer Beto, onze horas, cedo demais.
-Quer um pedaço de bolo então?
-De quê?
-Chama Belezinha!
-Não acredito
-Mas é, minha mãe disse que é receita de avô.Que na casa dela os homens faziam bolos mais voluptosos que as mulheres e davam nome.
- Eu quero!


E a beleza passa ....pelo vão dos lugares lotados.O belo fica, é demorado, insistente,forte,extremo ,condensado e sem volta.

-Beto e o nome da beleza , qual é?
-A beleza tem nome composto
-Mas fala
-o nome da beleza é "Avante Perigo"!

Se o belo tá dentro da gente, a beleza deve ficar fora.
Assim como o mar fica fora do céu e não se sabe qual dos dois é mais dentro ou mais lindo....
Beatriz

Afeto e saguão

O saguão tem esquinas
lotadas de chegadas

Os rostos afoitos não veêm as esquinas
vazam,patinam,vacilam....
são breves as suas idas e sinas

Olhando o saguão de cima
surgem também
encruzilhadas mais lentas

Pessoas, agora,
situam-se,
esperam-se
arrumam-se
cortejam sem pressa
de cima

até os derrapes são mais macios vistos de cima
Os desejos parecem ter calma
bocejam
A saudade até parece ter tempo
E o saguão de sempre
acolhe melhor os de sempre

Olhando o saguão na espera
me sujeito
a aguardar a hora do vento
e a pressa a passar

Quadrados dados
espiados de cima
adiantam-se ...
invadindo meus olhos

E um certo afeto
sem premissa
se concentra no saguão...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

olhos de criança olhando o céu

Se o céu fosse uma visita de um dia
eu faria
Visitaria o céu
de véu mesmo se estivesse quente ,
ou se fosse ruim
mesmo assim contente

O céu seria por um dia meu e céu
só que eu não consiguiria dividir o céu
e choraria

Sozinha no céu
aí meu céu
que infelicidade

Não acredito em céu
Não acredito porque é alto demais
a gente cai quando a altura some nos olhos
e já me basta ser chorona
me dói os olhos o céu.

louça antiga ou amor em tempo de louça suja

SUFICIENTIZE-SE
SUFICIENTIZE-SE (era essa a voz)

É na louça suja que se mede o tamanho do limbo.É a sola gasta que entrega a semeadura.
Do sapato, a sola, da estória restos do caminho.
A estória te assola porque andaste em cima dela
A louça te mostra o limbo porque você espera.

Suficientize-se
Lave a louça, os olhos....
Por que será que te incomoda o cotucar de esmolas.Toda hora!
Esperneiam eles.... há um passo nos seus, dos seus, das tuas solas!
Deve ser algum desvio a esmola garoar o tempo todo, e o tempo tido nela a tal louça me lembrar.
Desvio das esmolas,desisto dos fiapos no canto da pia.
Na teia firme que se forma no oco do ralo, cheio de baba, desfio minhas cutículas ( só em lembrar).
Desdenho a pia e os pés dos mendigos!
Tenho nojo de louça jazida, de garfos azedos.....
Tenho medo que dos dentes vazem palavras gastonas, atrevidas e tenho medo que me peçam esmola.

Uma implicância derivada da louça começou a fazer rotina em mim, era como se tudo, ao invés de distrair-me da louça, apropriadamente resultasse na mesma sensação.
Antes mesmo de se parecer com a louça, as cenas realçavam de inicial observação, um abandono discreto...
Discreto sim!!!!!!

O florista todo dia tirava as flores do carro e as deixava no chão antes de montar a banqueta de sustentação...
FLORES NO CHÃO?
LOUÇA !!!!!!!!!!!!!
Aí num escapulir, nem quis ver .................mas vi a roupagem seguinte do homem, vestido para concretagem morde atenciosamente um "risólis" (praticamente uma bolsa térmica de óleo) ,às seis e meia da manhã!!!
O FÍGADO DELE?
LOUÇA !!!!!!!!!
Me pego sendo exagerada na implicância.Volto subo e lavo os olhos.
Desço novamente, sem blusa de manga agora,
MINHA TOSSE MAL -CURADA?!
LOUÇA!
Ignoro, sigo em frente com os braços arrepiados e olhos mais gentis.
Tem dia que amanhece antes da hora.....eu fico atrasada quando isso acontece
Esqueço o endereço que ia, esqueço de ariar o alumínio de dentro da pia.
Nas noites longas de riso meu esmalte disforme é novidade pra mim, nos dias feriados é como se minhas mãos não passassem de louça.
Faz sentido agora, não é implicância....mãos pequenas, desejos escapando das mãos....Construções desfeitas, abandonadas feito panelas engorduradas atravessam adiante.Ignoro.

Lembro da eternidade de certos encontros, mesmo os desmarcados
Da eternidade das impressões de amor.....não saem mais, não saem do lugar sentido.
Antes suspiro de surpresa, espera crua por motivos.Agora, ainda suspiro, igual ,e espera nua por mais suspiros.Só o que muda é a incontinência dos suspiros.....AAAAHhhhh..........eles escapam até da louça.
Passado vinte e cinco, trinta minutos ,volto a olhar as louças da rua, o homem-varredor, varre um monte e nunca passa pelo cantinho do limbo, só varre o que varreria mesmo.
Me irrita tanto quanto uma enxurrada de água limpa, é horrível ver tudo com olhos restantes, não serve em nada.
Meus olhos restam.....
Hoje amanheceu muito mais cedo que esperava e meu mundo pareceu apertado aos olhos.
Perdi uma unha, quis perder os olhos para o mundo.....Mas ainda são meus.

Beatriz Rodder

talvez seja tardio

A afirmação é estar no controle,
seja em nave sua,
seja em barco a vela...

a afirmação é estar no controle
no controle da altura do abismo,
na medida e na categoria do cinismo
que "pega"e faz abismo-abismo ....

só se tiver medida da altura é que se reconhece o cínico
olhar o abismo de cima não é ser cínico....
é ser tardio,
é ver sem cinismo o tal "se fosse".

O território do "se" não cabe na minha certeza,
se fosse seria...
e o abismo não cabe nas minhas gavetas...
talvez eu jogue as gavetas pra não ter que guardar o abismo.

talvez seja tardia a saudade no tempo,
talvez seja hora de amanhecer cínica
talvez seja certeza a nave ser minha
talvez o barco não seja à vela....
talvez ele não goste dela.
talvez ele não goste dele.
talvez ele tenha o controle
talvez ela controle o abismo dela
talvez ele seja um menino cheio de controle e abismos....
talvez ela ame ele mais que tudo e entenda que ele
talvez seja apenas tardio....

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

ar lotando o quarto amor

Tanto ar pra caber em pouco quarto
muito par em disparada

Pelo tamanho do olhar dela
suspeitei que não haveria fim

Pois isso era o início...
do meu olhar
Olhá-la foi salto com vista pro céu
não vi chão quando a vi,
não tive chão ao recebê-la...

Perdi o quarto,
mudei de cama
ganhei um rádio
e quebrei meus saltos.

Saltei de saltos,
é claro que a altura os quebrou de vez.
Agora ando sem saltos,
sem sapatos

Ando passando os pés nela,
descalços.
Ando saltando os espinhos que ela esquece no chão sem querer
Ando sentindo ferroadas na espinha ao ouvir a voz dela.

Ela sussurra marimbondos

mas isso só senti agora.

Tanto ar pra caber debaixo do céu
O ar me sabota quando olho de lado
me venta .....

O ar me inventa no fim.

É muito céu pra te deixar tão chão
não me custa olhá-la em meu céu, gosto disso.
As beiradas rosadas dela
me fazem voltar a gostar de rosa.

Pelo tamanho do olhar dela
suspeitei do cheiro da pele
achei que se lhe tomasse inteira
talvez eu sumisse de mim
talvez perdesse o olfato
ou por últmo
uma ventania de afeto ....ah se houvesse.

Talvez fosse só meu o vento nos olhos
Os olhos não sei ainda
são tão grandes que parecem ter roubado os meus,
Parecem dois olhos de quatro olhares.

Que amor há de ser esse ar impossível?
que amor há de haver nesse gritos confusos?
que convulsão pode se apresentar por causa duma cama de solteiro?
que solteirice de doer pode nos distanciar tantas horas?
Que tipo de vento suas tendas irão receber?
quais tendas serão as nossas?

Quais eventos te fazem apertar os dentes contra mim?

Eu amo entopindo as artérias,
elas tbm te amam
amo maior que altura sem fim.....
entopi minhas vias de acesso quando te estacionei em mim.
gosto disso....

Um pouco longe e uma saudade quina sinto agora
São algumas horas,
seria bom se não lembrasse
seria fim se te amasse menos
seria certo
se me dissesse mais um pouco de mais um pouco de mais.....
( Os meus rivais.....são sóis )




Dia assim
tempo assim
vivo assim....

Frio passando, sol brigado
medida dia.
Vento assim

Dentro do frio
Do frio de mim
a vida anda sim

assim ó

vida sim
vida sim
vida vem
vai pra lá......
sim, não , sim.......... sim.
Vida não..............assim não
assim sim
lá......

Dentro do frio
O vento assina, assina bem fino
que o trago da vida é frio ........dói frio assim

Não....
acordo não
durmo não


fumo sim
sim
dia assim, amanhã não sei
tempo assim dói bem sei

sol amigo
Diz raios quentes e cega os olhos


Sol e eu.......sómos assim, dois sós
dois solitários vendo
a ver..... vendo e vendo e vendo tanto
tanta coisa a ver.....

Silêncio
Surras
Saudades
Surpresas
Sopros
Silêncio
ssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss
ssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss
sssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss


Depois vento e vento tanto
Sumo
daqui de mim do sol


Volto um pouco troco um pouco o vento de lugar

Mudar......
sempre sempre
de ir de voltar de lugar.


Do lugar , de ficar
demolir
derreter de morrer.
Isso é sumir.

Delongar de tentar de expurgar
de cansar

Isso é mudar, isso é morrer
sumir no sol.
Sol e eu, sómos assim, dois sós

e nos procuramos assim

feito dois sóis andando
em paralelo
em busca do que há de mais só no universo.....

o sol

e eu.....nós mesmos !!!! sim dois sóis procurando o Sol maior

o maior de todos....e o mais só.

O Erotismo tira telhados e confunde as mulheres


"-.....Precisava de um abrigo pra tempestade que estava
se formando dentro de mim, mas o mundo carece de abrigos, quando fui em um lugar com endereço (in)certo o telhado ainda estava sendo reformado, começaram a pingar umas gotas largas de forte desinteresse, de repente xoxotas abertas caíam de nuvens hedonistas...saí correndo...pois não queria levar uma xoxotada na cara...poutz e eu que estava na sala do abrigo à espera de um chá verde. Desliguei o telefone, desliguei a tempestade, antes confesso que
senti minha lágrima salgadinha, liguei no fim de Morangos Silvestres e depois caí no sono....



VS


....Precisava de uma briga, de uma tempestade, eu estava em reforma na parte de dentro, e precisava de abrigo no mundo, já que por dentro não me suportava....

Fui, depois de escolher no susto, ao primeiro endereço que me (in)cluiria, e vi que o telhado ainda e também, estava sofrendo um reconstrução, assim como eu e minha parte de dentro....Claro que estava em reforma, sempre estaria, era o telhado do mundo, o teto do universo.

E eu o que era?

Embaixo do mundo, eu?

Eu era o que havia aprendido a ser.Desde qdo desprevinida ,apanhara uma tempestade de xoxotas, por isso q precisava de uma briga...Aquela tempestade me molhara pra sempre, a partir dalí passei a existir diferente, passei a sofrer pq o telhado do mundo não estava ao meu alcance, e qdo a antena entortava e a televisão insistia no canal aberto, eu não conseguia assitir o que me agradava e ficava reclamando da imagem q estava aberta....eu tinha medo do céu,também tinha medo da reforma na parte de dentro.Eu ficaria hospedada ali no telhado do mundo só até o fim minha reconstrução, só até o canal fechar .....Depois ahhhh.....depois....... como seria bom voltar pra dentro de mim , pro meu egoísmo que me esperava emocionado.Ele sim me aceitava,me amava, me entendia...que saudade de ser mesquinha, era tão fácil ser eu mesma diante do meu egoísmo.

Aí conheci o amor....Só que o amor amava o mundo e eu ficava reclamando do canal aberto,reclamando todo tempo.....o amor cansou, pegou suas estórias e foi dividir com o mundo, ja que eu não gostava das estórias nem do amor no mundo.------------------------------------------------

bilhete de amor prum abandono

Na tal escuridão,dançando sem motivos, pernilongos-morcegos
com duas lanças na mão cada, dançaram na minha escuta até a claridade acordar, Isso foi ontem...

Nessa noite,seu coração de portão,não era pesado, era cheiro leve.....de prata no breu.
Num sonho antes do meio dia,a minha portinhola era mesa de café da manhã
com janela dada... eram verdinhos os descansos há muito guardados,
eram antigos os pratos da torrada,
tinha muito mato no quintal longo,tinha no muro trepadeira teimosa.
Refletia sol e enviava feixes amarelo-ocre o encontro da luz com o muro, refletia rumo encontro dos dois.


O enfado cansado-pesado-obsoleto-passado vinha do reclame da tv ligada,q dizia em voz feminina e lida: "-O enfado cansado ....obsoleto cansaço, é passado,agora é só experimentar as novas pílulas da Herbalove, transforme seu coração em sorriso,transforme-se numa pessoa só riso...venha me fazer uma visita ..." No sonho,a tv tava ligada e as portas não tinham fechaduras,você era sono até meio-dia e eu realmente era um refrescar, que te esperava ansiosa acordar... Os armários eram altos demais, eu não conseguia apanhar a roupa de acordar,aí resolvia ,preguiçosamente , não estar vestida a te esperar, já q alcançar não dava.

Numa esquina do sono....você acendia os olhos e dizia:
"-Dormi todas as horas do relógio hoje,dormi tão bem...tava amando em mim ou comigo?"
E o que eu dizia,não me lembro agora....só sei q já era claro e o abajour de seda manchada ,agora ali,dormia, sob a minha-tua-sentinela.
Aí eu te amava tanto quanto a luz que entrava da janela....

eco de apaixonamento

...............................um eco um som de dois , depois um vácuo,amor sem pilha, amor sem acabar , senão o ar das partes oxigenadas, amor q começa com um café e termina na virilha.... daqueles bem fortes,q deixam a gente com febre na boca e amarelo nos dentes....desse tipo mesmo,que deixam a gte acordada a quebrar ,da corrente ,até o pingente!


.....terrível e silenciosa,acordada que nem pilha nova... e na virilha,um cheiro de vida,uma sede de eco....esse vão q sobra é a sua ida,
é a minha ossada perguntando: "cadê?"
e eu:
-Foi-se, mais um pico que senti , foi-se
feito heroína no sangue de quem precisa....
dura um eco inteiro,não nego,até depois do depois do depois eu fico.
com um tilintar meio baixo,
meio ontem, terreno,meio eterno,
meio vício. FICO em você ,
fico em mim como há tempo não escolho estar...
olho meu lembrar e prefiro estar lá, no beco do seu eco a repetir sem precisar te olhar de novo
"Quero ser sua ô eco convidá-lo sempre a pulsar na minha intimidade
...."