quem estou?

Minha foto
sobre os delírios me deito.....a cama desalinhada me enruga... acordo em seguida.... num pulo percebo que delirar é estar sóbria e ser sóbria é estar atenta aos canais pro delirio do amor que tem no mundo

Visitas ao atalho

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não há nada de errado com o verão, só o outono que parece apressado

há somente um enfeite nos olhos...o olhar

há somente um enfeite nos olhos...o olhar

sábado, 22 de dezembro de 2012

Era?

Era você quando eu sonhava sem rostos?
As criaturas-convites
o risco dos sonhos longos

Era você que me esperava
 caso eu sonhasse tudo?
Tantas vezes eu voltei a dormir só pra ver seu rosto
Quis certas noites postergar o sexo só pra dormir-sonhar logo o risco
(sempre havia um resto do sonho a ser dormido)

Hoje
se acordo d'algum  desses sonhos-antes reparo
que não há outro lado pra chegar
Não era um rosto nem monstro

Era o desejo

É você o que eu tanto pressenti?
Você é o desejo que acordava em minha cama sem estar ao lado?
(e não dormia mais)

É você o desejo?

sábado, 1 de dezembro de 2012

Ganhei perder

Chegou num dia feito notícia
Banho tomado, chá servido

Chegou solene pela porta convencional (da frente)
passos de licença 
cheiro de pra sempre

Chegou 
sentou 
feito uma canção 
no meu peito banco de praça

Foi sem ver
minhas mãos já recebiam as suas
 naquele tempo de notícias
(desde as minhas confissões e suas graças)

Daquele tempo de falácias

Não se pode acusar o passado pelo tipo da notícia
 pelo tipo de porta aberta
 pelo tipo de engano
pelo semi-tipo de destino

Chegou feito um enxame
Todos gritaram
era imagem perigosa até de fora
Sobrava morte a cada picada

Tinha um cheiro doce aquela quase revoada
Ah se fossem(os) pássaros

Não estaríamos até agora tentando 
a colméia arrumar

Agora nos resta esticar camas


Chegou feito um motivo
Não saberia resolver sua partida
Você sempre chegava
eu sorria
Você sempre me amou
Não saberia desimaginar nada
reconheço:
Te esperava

Vi sem ver, minhas mãos mudaram de tato
Nunca mais abri meus olhos
Tinha certeza que tudo sumiria após a  próxima canção motivo

Daí sumiu o teto
Ganhamos o céu debaixo dos lençóis
o Céu

Ficou...feito a música do véu
feito o cheiro das coisas
feito ficar até nunca mais abrir os olhos do céu

Fiquei sem a porta da sala
sem o descascado da tinta
sem a música silêncio
sem os segredos da trama
sem os urdumes da confissão do pra sempre

Ganhei vertigens, solidões
ganhei AGORASEMIAMANHÃS

Ganhei perder o medo da vida agora

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Um poema pode

Um poema pode ser teu
melhor amigo
Um poema pode ser seu
 amor perfeito
quando seu amor estiver doendo
 então
Um poema sempre vai estar
 no coração
quando fora parecer esquecimento ou ilusão

No tipo de solidão que o outro provoca
no outro dos outros deles
no ir embora de um olhar amoroso
no não escutar um poema choroso
por estar o(cul)pado demais

Nisso um poema nunca vai te trair

Mesmo que não sejas enganado pelo outro
É possível que tu te enganes com isso
é bem possível
que o outro só exista
enquanto você achar-se inteiro

Não existe nada inteiro
além de tentar ser

Ser mais forte
mais delicado
mais claro que um poema

Não existe nada além dum poema

Você me sobe à cabeça
Vem do estômago 
a saudade num trago

tuas imagens riem 
da minha devoção poética
Pura saudade
solavanco no peito

Dormir é grave
seu tremor me percorre
corpo adentro

Só te amo

em tons fortes
me sobe à cabeça
ao deitar
rútilo sem fim

Só amo sem fim

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Quando era uma vez

O peão gira reluzente
a nuvenzinha sem pressa recolhe seu rebanho de pipocas de pelúcia,
 já é hora de juntá-los
o céu fica aberto
as nuvens somem, não sei, nunca entendi pra onde vão

Um pátio vazio acima de nós
é um céu?

o peão diminui sua força
a mãe chama pra jantar
o sol esquenta os chinelos sem pés
que ficam ali até amanhã

todos entram
banho é o último jogo de brincar
a comida é séria, não se deve por as mãos
depois termina

a gente dorme e quase nunca tem muita graça dormir

E quando acorda já é grande
ainda temos mães, disfarçadas de namoradas, amigas e suas mães, mestres.... comidas feitas com afeto

Ainda temos o telefone da mãe

As vezes a vida fica rápida
o relógio não funciona mais, não tem mais hora de jantar
o tempo é durão, não presta atenção nos nossos jogos de brincar, tudo é sem segunda chance, o café com leite é sem açucar, mas vale, sempre vale

E o tempo insiste em estar  sempre em outro lugar, mesmo quando tudo que a gente mais precisa é dele

Agora o jogo mais divertido são pessoas, palavras, distâncias, cafés pretos, telefonemas prometidos, canções antigas, amores proibidos, noites mudas, madrugadas aguçadas, manhãs exaustas

A gente ainda é ontem mas parece que não

O peão gira reluzente na memória
a vida é orbital
Todo dia a gente acorda
e a órbita acorda diferente
nem sempre tem graça ser orbitado

Os meus chinelos quentinhos não estão mais no quintal do jeito que os deixei
Isso confunde o coração
que insiste em estar sempre no meio do meu peito, como sempre foi

Nem sempre tem graça escrever sobre o que fui quando sou outra


domingo, 24 de junho de 2012

cair dormir acordar



Lançada no abismo-cama elástica
O abismo me sorri despido sem fim
vou-me

E laçada pela irrefutável teia
que me amortece
na queda
não sinto dores

Me aninho
e só lágrimas prazerosas escorrem
 de todos os meus olhos

E durmo-acordo
infinita de ti

sábado, 16 de junho de 2012

Quem pergunta o gume da palavra não está pronto pra acordar com poeta

O ciúme é doce
acontece

não diga que não

o ciúme aprende
tece quieto o que não lhe pertence

Palavra bonita quando é diagonal corta
é cor de veludo mofo
é maciez sem gole
sede sem copo
trago sem brasa

É no peito bobo de poeta cansado
que palavra coagula o que nunca sangrou
amanhece o que nunca dormiu
escuta o que nunca saiu
vasculha o que nunca perdeu
alegra a quem nunca sorriu
E jamais encontra o que não existiu

sábado, 7 de abril de 2012

A demora

Nada foi dito
(Palavras internas sim)

O encontro
Nada feito, acaso sim

Eu camaleoa, silenciada, sozinha,acompanhada
Ela galopante, leoparda, dourada, dada

O meio
já fim

A pressa
uma dança, tentativa sublime

A entrega
que nem sempre é dança
naquele instante não foi

As chaves sempre entregues
nas mãos dos amanhãs possíveis
enquanto ontem
as mãos dadas de portas trancadas
e as palavras espelhos-motivos-chaves

A noite adolescente
a caça surpresa
a presa exausta
A leoa
um filhote exibidinho
a presa
nua

Deixou-se levar no bolero da coincidência
e dançou
Conhecia as armadilhas do tango
mas errou
dançou no ritmo da salsa
poderia ter sido
é claro
se houvesse a bonita demora

Encontros
desencaixes
Enlaces
excessos
Beleza
fuga

A demora do encontro ganha força, mas o desejo não está condicionado a durar.
No raso da vontade tem um fundo lugar comum que quase sempre não passa de um capricho.
Esse capricho, me lembra filas pra lugares novos, filas extensas com pessoas arrumadas, aflitas pra entrar ali com seus sapatos novos, perfumes preferidos, assuntos escolhidos, cabelos soltos ou coques altos...
Depois de um mês ninguém mais vai lá.

terça-feira, 3 de abril de 2012

De todas as vozes que falam sem dizer muito

Todos os talentos dentro do gosto que tenho por todos os gostos que faço por todos os talentos que vejo fora de mim

Todos os dez egos que empurro no escuro e tonto cômodo da mente-mansão
Todos os desejos assim ilhados na vértice desesperada do querer
Todos os dez egos assimilados, assemelhados, cintilam na gula de ter

Assimilam pouco,
quase nada tem a mente que só quer
Gostar de ter não é nem parecido nem diferente
é pouco, é nada

De novo outono
Esse vento cheiroso torna os pensamentos mais livres
A mente-mansão, coitada, é cheia de móveis pesados, nem tem o que guardar que tanto importe, só espaços e vastos corredores de esperança e janelas inundadas de
belezas-ontem, anteontem, entre outros tantos vãos que agora não existem, são só lampejos, verões, que a alma sabe
Ontem é lugar que não se guarda em cômodas, senão não ventila, não respira

De novo a mente, malvada
faz tudo ser inverno,
cortinas sujas
sinas bambas
sinos bobos
sinais oblíquos
Faz tudo ser ontem

Ontem não é lugar de ter incômodo
senão não cintila, não suspira

Que elegante será o inverno
de toda a beleza que a memória seleciona a mais perene é a que ainda não existe.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

convite caloroso ao esquecimento

Os sóis interiores
as flores nos olhos
a primaveril saudade
e as pétalas de esquecimento

São verões eternos de outonos que passam elegantes sem ressecar
nem pétalas
nem sóis
nem nunca

Tudo quentinho e gentil lembrança

Conselho à partida de xadrez

Dizer às torres que a partida vai começar
Olhar nos olhos dos peões, um a um
sentir o perfume da Rainha
sorrir para o Rei
dar autonomia aos Bispos
poupar os Cavalos,
sabemos que só eles fazem o que fazem.

domingo, 8 de janeiro de 2012

a folha( a tela digital) em nada
a vida (o sonho de vida)num sempre

nos tomam num gole quente
num trago macio de poesia
dilatando a palavra
faz do poeta poema